sábado, 27 de abril de 2013

De Pastor a Pastor, por Frederick Guimarães.


LOPES, Hernandes Dias. De pastor a pastor: Princípios para ser um pastor segundo o coração de Deus.  Hagnos: São Paulo, 2008. 167p.[1]

Nesta Obra, Hernandes Dias Lopes apresenta vários princípios para àqueles que escutam e atendem o chamado de Deus a fim de serem embaixadores de Cristo na terra. Hernandes fala de pastor a pastores e a futuros vocacionados ao pastorado. Descreve a importância, a responsabilidade, o privilégio de ser um anunciador do evangelho, o homem com o posto mais nobre que alguém pode exercer. Cita, E. E. Bounds, “A Igreja de hoje não precisa de novos mecanismos ou métodos e sim de homens que deixam ser usados pelo Espírito Santo”. Esta obra classifica-se em um catálogo sistemático como teologia pastoral e seu autor é Bacharel em teologia pelo Seminário Presbiteriano do Sul, Campinas, são Paulo e Doutor em Ministério pelo Reformed theological Seminary de Jackson, Mississipi, Estados Unidos. Pastor da primeira Igreja Presbiteriana de Vitória, Espirito Santo, desde 1985. Conferencista e escritor, com mais de 100 livros publicados. É casado com Udemilta Pimentel Lopes, pai de Thiago e Mariana. From 1949 until his retirement in 1982 Guthrie was lecturer in New Testament studies at London Bible College (now London School of Theology ), and from 1978 until 1982 he served as vice-principal of the college.Outras obras de destaque são: Guthrie wrote New Testament Introduction (1962) and New Testament Theology (1981) which are recognized as significant books related to the New Testament . [ 2 ]As Faces da Espiritualidade (2000), Pai, Um Homem de Valor (2008) e Fome de Deus (2004).
Nesta edificadora obra, o autor começa relatando profunda angústia quando diz: “É grito da minha alma e o soluço do meu coração”, e que ela foi escrita muitas vezes “com dor e até com lágrimas”, tudo isto pela crise moral em que estamos vivenciando em nossos dias, mas também declara com alegria e paixão a satisfação de ser pregador do evangelho, consolador dos aflitos, edificador dos santos e pastor de almas, como uma missão única e abençoada. Na obra, compartilha e exorta de maneira clara que antes de pastorear as ovelhas de Cristo o pastor precisa pastorear a si mesmo. Que o pastor não pode ser imaturo e muito menos inconsistente. Que a vida do pastor é a vida do seu ministério. Relata ainda, pontos importantes da vida de um pastor, das responsabilidades, funções e principalmente faz um alerta aos perigos que um pastor enfrenta durante o seu ministério.  O conteúdo deste livro descreve oito assuntos, são eles: Os perigos do pastor, A vocação do pastor, O preparo do pastor, A vida devocional do pastor, Os atributos do pastor, Os sofrimentos do pastor, Os compromissos do pastor e por fim, O salário do pastor.
Neste livro, Hernandes registra que ao percorrer por nossa nação, pregando em várias localidades, tem notado como Deus tem usado homens que estão impactando profundamente muitas vidas, mas por outro lado, tem visto uma crise de identidade pastoral que tem afetado as estruturas da sociedade. Afirma que a classe pastoral vive uma crise de descredito, o autor faz um paralelo entre o passado e o presente da imagem do pastor perante a sociedade, de como o pastor era respeitado e confiável. Cita ainda que pesquisas recentes feitas no Brasil apontaram os políticos, a polícia e os pastores como as três classes mais desacreditadas. Mostra uma clara inversão de valores, uma crise de integridade e identidade, pois os que deveriam guardar a ética tropeçam nela, afirma.
Por essa razão, o autor entende que certos pastores ainda não foram convertidos de fato, algo difícil de compreender, homens que ainda não foram alcançados pelo evangelho que pregam. Pregam arrependimento, mas ainda não se arrependeram, anunciam a graça, mas jamais foram transformados por ela, conduzem os perdidos à salvação, mas ainda estão perdidos, conclui. Outro ponto importante é que existem pastores não vocacionados no ministério. Este é um tema que não deve ser subestimado, deve ser discutido, deve ser o vetor que rege as escolhas dos homens. Que a vocação é a consciência de estar no lugar certo, fazendo a coisa certa e que a vocação pode ser tanto um pendor como um chamado. Afirma  que o dinheiro e o lucro não são vetores das escolhas profissionais, que o homem não deve buscar cargos e sim identificar sua vocação no âmbito social e que deve descobrir a real motivação para o ministério, se é o glamour da liderança pastoral ou se é um chamado interno e eficaz do Espírito Santo. Cita a obra de John Jonett, O Pregador, sua Vida e sua Obra, que a convicção do chamado e a certeza da vocação não ocorrem quando vemos todas as portas se fechando e, depois, contemplamos a porta aberta para o ministério. Vocação é quando você tem todas as portas abertas, mas só consegue enxergar a porta do ministério.
O autor cita ainda, vários tipos de perigos internos e externos em que o pastor precisa identificar em si e em suas ovelhas, afim de não cair em práticas contrarias ao perfil daquele que é chamado por Deus. A preguiça tem destaque e o apóstolo Paulo é lembrado quando diz que “os presbíteros que se afadigam na palavra são dignos de redobrados honorários”. Pois, pastores que fazem a obra relaxadamente jamais se empenharão em proteger, alimentar e cuidar das ovelhas de Cristo. Buscam o bônus, mas não querem o ônus, vantagens, mas jamais o sacrifício, são obreiros relaxados, são pastores de si.
Esclarece o autor ainda, que em nosso meio é crescente o número de pastores gananciosos focados no dinheiro das ovelhas e não na salvação delas, mudando muitas vezes a mensagem para a obtenção de lucros. Outro perigo são pastores instáveis emocionalmente onde ao invés de estarem sendo pastoreados estão pastoreando. Um pastor sem equilíbrio pode trazer grandes prejuízos para si, para sua família e para sua Igreja. Existem ainda, pastores com medo de fracassar no ministério, no aconselhamento e na administração. O medo é um perigo que vários pastores carregam em si, o medo de fracassar no púlpito, na obra que lhe foi confiada. O medo do fracasso, diz o autor, é uma circunstância e nunca uma característica pessoal. Pastores confusos teologicamente são um perigo para a Igreja Evangélica, pois, o que cresce nos dias atuais não é o evangelho da salvação e sim o da prosperidade. Acima de tudo se fala de tesouros na terra e não de tesouros no céu e que a culpa disso são dos ventos de doutrinas criados por homens sem temor e cheios de heresias. Pastores mentores de novidades e estratégias milagrosas, marqueteiros. Pastores que manobram as massas, que estão perdidos e fazem o povo de Deus errar. E ainda outros que abandonaram a sã doutrina, liberais e não acreditam que a Bíblia é inerrante e suficiente. São discípulos de Darwin e não de Cristo. Adotam o liberalismo que é um veneno mortífero para aqueles que desejam uma Igreja sólida na Palavra. Pastores autoritários que não aceitam ser questionados. Outros pastores reféns de líderes autoritários e manipuladores, sobre tudo, na disputa de poder nos postos mais altos da Igreja. Estes líderes têm dado mais trabalho do que as ovelhas.
Existem ainda, registra o autor, pastores que se iludem com o ministério, acham que o ministério é um mar de rosas, um parque de diversões. Hernandes mostra que é justamente o contrário, que quem entra para o ministério precisa estar consciente das pressões, desafios, guerras que acontecem no dia a dia. Devem entender que ser pastor é investir em vidas e isso é cansativo e quase sempre sem reconhecimento. O pastor deve estar muito atento para os perigos de cuidar dos outros e de descuidar da sua família e que, por esta razão, muitos estão com o casamento destruído no ministério. À distância ou o abismo que existe entre o púlpito e o lar tira do pastor a unção de exercer o ministério com fidelidade e eficácia. Que se o pastor não for benção dentro de casa não o será também no púlpito. Que a família é o primeiro rebanho do pastor.
Outro ponto é que existem pastores descontrolados financeiramente no ministério. O pastor deve ser um homem irrepreensível e o que autentica o trabalho do pastor no púlpito, no gabinete pastoral e nas demais áreas do ministério é a sua integridade moral, sua piedade e sua responsabilidade administrativa, considera o autor. O pastor não deve ter pendência financeira na praça, não pode estar envolvido com dívidas, ser irresponsável com seus compromissos financeiros. Destaca ainda, o perigo de comprar o que não precisa, com o dinheiro que não tem, para impressionar pessoas que não conhecem, haja vista que vivemos em uma sociedade consumista, finaliza.
Hernandes relata que muitos pastores estão em pecado no ministério, o autor revela que não há nada mais perigoso para a vida espiritual de um homem que se acostumar com o sagrado. Fazer a obra de Deus, mas não viver para Deus. Que o ministro infiel é pior do que um incrédulo. Cita Charles Spurgion onde afirmava que “um ministro sem piedade é o maior agente do diabo em uma igreja”. O autor expõe que o pecado do pastor é mais grave, mais hipócrita e mais devastador do que o pecado das pessoas. Que cresce, de forma espantosa, o número de pastores com envolvimentos sexuais ilícitos nas Igrejas, as estatísticas são inacreditáveis, observa o autor. Também que muitos obreiros já perderam a sensibilidade espiritual e o temor a Deus por estarem vivendo na prática do pecado e, ao mesmo tempo, pregando, ministrando a ceia e aconselhando os aflitos. O autor termina chamando os líderes ministeriais por um novo tempo de restauração, tempo de pastores se humilharem e se arrependerem e clamarem a Deus por uma visitação do céu em suas vidas.
A obra é bem profunda nas questões crucias da vida de um pastor, esclarece com propriedade os assuntos apresentados.  São problemáticas atuais que o autor torna evidente através de uma linguagem clara, simples e direta. Não há duvida de que traz a todo pastor, um momento de reflexão e de busca a respeito da essência do seu chamado.
O referido livro deve ser recomendado para todo aquele que tem um chamado ministerial e que precisa identificar e evitar em sua caminhada os espinhos, as barreiras, os perigos. Por outro lado, a obra esclarece de que forma um homem de Deus deve agir para que seu ministério venha a crescer de forma sadia e de acordo com a vontade de Deus. Destaca-se pelas características do caráter de Cristo, uma vez que sem ele, nada poderá se fazer para agradar o coração do Pai.  






[1] Frederick Guimarães. Graduando do Seminário Teológico Batista Nacional – SETEBAN.

2 comentários:

  1. Caro resenhista e amigo, Fred amei a escolha desta obra, e ainda estou esperando o empréstimo da mesma. kkkkkk Também quero registrar aqui minha satisfação em ver a mudança da sua foto, num look bem mais feliz, kkkkk. Seu texto está ótimo, só precisa praticar mais, aguardando novas postagens ( poste também a outra resenha, tentando reduzir mais seu texto ). Congratulações por seus resultados !

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    1. Professora muito obrigado. Em breve estarei de volta. Saudades de todos.

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